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Arquitetos: NUA Arquitectures
- Área: 207 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Jose Hevia
Descrição enviada pela equipe de projeto. A origem de Vila-seca, no século XII, ocorre durante o período de repovoamento de Tarragona após um longo período em que o território esteve abandonado, sendo terra de fronteira entre al-Andalus e o condado de Barcelona. Em essência, a origem da população pode ser entendida fundamentalmente como uma interseção de caminhos entre o eixo que unia Cambrils com La Canonja, com o eixo que unia Reus com o mar.
No ponto central da interseção fica a igreja de San Esteve, elemento fundacional a partir do qual foi formado o primeiro casco urbano amuralhado. Já durante o século XVI, o casco urbano de Vila-seca cresce ao longo dos dois eixos perpendiculares seminais fora das muralhas. Esse crescimento suburbano bidirecional se materializa em casas geminadas que se enfileiram sobre o caminho inicial, que rapidamente se ramifica para abrigar mais moradias.
A casa entre empenas cegas para Sandra, Mario e seus dois filhos, é uma das casas que colonizam uma ramificação do caminho que unia a população ao mar, onde o crescimento suburbano foi mais insistente. Seguindo a estrutura típica das fileiras suburbanas, o terreno apresenta uma geometria retangular com apenas 4m de largura e 15,60m de comprimento com apenas uma fachada para a rua.
Devido às dimensões reduzidas do lote, a estratégia do projeto, que se explica basicamente através do corte, se baseia na exploração volumétrica do espaço através da formalização de um volume leve, que contrasta com a densidade e a massa do tecido urbano do centro histórico, ao qual são praticadas algumas subtrações, prestando especial atenção à circulação da luz e à riqueza do espaço.
A escada, em uma posição central e próxima a uma das empenas cegas, articula a casa e, ao mesmo tempo, atua como clarabóia iluminando os espaços centrais, mais distantes das fachadas. Na outra parede cega se organiza uma faixa de espaços técnicos. A posição desse núcleo central libera dois espaços diáfanos de cada lado que permitem abrigar o programa requisitado pelos moradores.
Em corte, a casa apresenta assimetria de vazios. Em primeiro lugar, um pátio posterior captador orientado ao sudoeste em continuidade com os espaços do primeiro andar permite a iluminação e a ventilação cruzada da casa. Este pátio é acompanhado de um espaço duplo que permite melhorar a qualidade espacial e maximizar a penetração da luz natural no interior da residência. No térreo, um hall polivalente em contato com a rua permite desenhar os limites e apropriar-se do espaço público, e no terceiro andar, o recuo do sótão permite a formação de um terraço em altura mais privado.
Na organização da estrutura geral da casa, procurou-se potencializar a leveza e a transparência de todos os elementos, as circulações fluidas, as visuais profundas, bem como a iluminação e a ventilação natural cruzada dos espaços para obter condições de habitabilidade confortáveis em todas as épocas do ano através de sistemas passivos.
Ao mesmo tempo, o projeto propõe um diálogo com as diferentes camadas do tempo para construir um colagem que aceita o jogo e o acaso através da materialidade, preservando e tornando evidentes os muros de pedra existentes das empenas, e utilizando materiais próprios da identidade do local e de baixo impacto ambiental como cerâmica, madeira e argamassa de cal.
Alinhada ao conceito geral da casa, a fachada posterior do pátio orientada ao sudoeste foi concebida como um grande espaço captador envidraçado que permite que toda a casa receba a máxima iluminação possível no inverno, dispondo de persianas de proteção solar no verão. A fachada que se apresenta para a rua, por outro lado, de orientação nordeste, mais pesada, apresenta uma composição de cheios e vazios que busca estabelecer um diálogo e uma continuidade com a morfologia das casas geminadas do centro histórico de Vila-seca.